terça-feira, 25 de novembro de 2008

Amor e Dominação Psicológica.

Ao falar de Dominação Psicológica, estarei falando da minha prática favorecida e portanto espero que quem quer que leia entenda que sempre soarei como um entusiasta dessa fina arte. Em minha opinião, e sem pretender exatamente desprestigiar as demais práticas, a Dominação Psicológica é o patamar mais elevado, mais estético e mais significativo de tudo quanto acontece entre eu a submissa.

A Dominação Psicológica é o terreno final onde se escondem todos os demais simbolismos. Tudo que acontece fisicamente numa cena é potencializado quando se atinge esse núcleo duro sentimental da submissa: Significa que foram-se as resistências, medos e qualquer orgulho arrogante cessou. É o momento onde sua peça finalmente está nua para que você, desde sua mente. Entregar o corpo é muito mais fácil que entregar a alma.

Você pode Dominar com palavras. Com gestos, sequer. E você é atendido e entendido em tudo. Tudo quanto você faz a ela tem o peso da própria mente da submissa, significando o tempo todo em favor da autoridade Dominadora. Esta é a capitulação final da submissa em relação a seu Dono: sua mente ativamente coopera e mansamente aceita a presença da Sua autoridade sexual. É o fino momento em que uma mulher responde com amor devocional incondicional a seu próprio algoz simbólico.

Tem gente que estabelece a Dominação psicológica através do medo, das brincadeiras de chantagem, dos condicionamentos. Eu não escolheria outra coisa senão lançar mão dos sentimentos para estabelecer laços de poder, se pudesse escolher sempre. E sei que isso é absolutamente polêmico em nossa comunidade. Eu nunca fui o bom menino mesmo, de qualquer forma. Vou polemizar porque muita gente antagoniza o amor no sm e isso é simplesmente uma bobagem.

De modo algum sou utilitarista ou manipulo o amor dos outros. Minha entrega é tão sincera quanto a que recebo como oferta. Há uma série de reciprocidades lindas. Não se trata de promover um amor falso, mas de adestrar a submissa a entender que sua submissão é seu único passaporte seguro para ser amada de volta.

É impossível inventar amor onde não há. Mas é possível canalizar e adestrar o amor rumo a um pensamento sub-reptício que sempre re-empodere sexualmente o Top. Muitos casais sm fazem isso, só que não admitem sequer pra si próprios.

Como em todos os meus posts eu tenho que ficar me explicando, aqui eu trato de condicionamento sentimental e não da criação de um amor patológico na submissa. Essa é a linha que divide Dominação do bem e Dominação do mal, a que cria processos ricos na submissa e a segunda, que destrói sua própria auto-estima. Dominadores que oscilam entre as duas coisas oscilam entre o bem e o mal, de alguma forma.

A construção de sentimentos a partir da Dominação é um processo natural, que não pode ser forçado. Não há como artificializar ou destruir a espontaniedade dos processos humanos, mas é possível estabelecer dinâmicas que orientem a maneira como esse amor vai ser manifesto.

É possível estabelecer autoridade sexual a partir dos sentimentos e isso é simplesmente poderoso. Quem me entender exatamente vai perceber que isso não tem nada de softcore. O que não suporta uma mulher que ama poderosamente? Que tipo de forças podem ser lapidadas dentro dela para nosso prazer? Honestamente, um bondage é uma brincadeira de lacinhos perto do poder que se extrai de uma mulher apaixonada e bem fodida.

Isso pode ser simplesmente convertido para uma autoridade sexual absoluta, boa para os dois. Sem barreiras psicológicas. Cabe ao Dono fazer bom uso do poder que lhe é dado. Para seu bem e para o bem de sua peça.

Mesmo que sempre se respeite os limites estabelecidos, não será esforço algum proceder assim. Isso não é mais um limite imposto ao Dono por força da negociação, mas seu compromisso de caráter.

Não há poder maior do que ser amado incondicionalmente. Ninguém poderia desejar maior entrega.

Dominação Psicológica é usar o corpo da submissa como o tabuleiro onde movem-se as peças de um jogo de xadrez contra suas resistências. E o Xadrez é um jogo de Reis.

4 comentários:

  1. Eu simplesmente adorei o texto. Bonito e contundente como Você é, e devo admitir que ri muito quando disse "brincadeira de lacinhos".

    Concordo com quase tudo o que disse. Só tem algo com o que não compartilho, talvez eu tenha entendido errado o que o Sr. quis dizer.

    "... adestrar a submissa a entender que sua submissão é seu único passaporte seguro para ser amada de volta."

    Através dos sentimentos, como Você bem identificou, muitas coisas belas e muitas superações podem ser alcançadas. E só cabe ao Sr. e a mais ninguém determinar como deve ser adestrada a submissa.

    Contudo, na minha opinião não é de nenhuma utilidade a submissa entender que sua submissão é o único "passaporte seguro" para ser amada de volta.

    Explico. Para mim não há submissão plena sem entrega, e não há entrega sem amor. Talvez eu veja as coisas de forma distorcida, mas é assim que sinto.

    Quando a submissa se entrega ela tem expectativas e desejos? Evidente que sim. Mas existe entrega se ela se submete com a finalidade de que esses desejos se realizem? Aí está o nó, na minha opinião não, senão não é submissão nem entrega nem amor. Porque tudo isso deve ser dado sem esperar nada em retorno.

    Se a "submissa" sabe que sua submissão lhe dará o prêmio certo de ser amada, e por isso e só por isso se submete, onde está a submissão?

    Outro problema meu com o "passaporte seguro", é que eu acho que não existe, na vida, nada seguro. Tudo se transforma, tudo se dissolve no ar. E não obstante, amo.

    Em tempo: nada que eu tenha Te dado foi esperando o Teu amor em troca. É claro que fico lisonjeada, muito feliz e me sinto uma mulher plena e de muita sorte com isso. Mas o amor dado, faço por Você e por mim. Porque Te ver feliz me faz feliz, e assim vivo bem. É o que faz sentido para mim.

    Não sei se me expressei direito, estou escrevendo um texto sobre isso mas ainda está muito bagunçado, depois vou colocá-lo no blog.

    Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Nossa Marte! Estou sem palavras diante desse post... o comentário do anônimo me deixou com mais questões...

    ResponderExcluir
  3. Eu, de fato, não expliquei bem.

    Vou tentar.

    "... adestrar a submissa a entender que sua submissão é seu único passaporte seguro para ser amada de volta." significa dar a ela um caminho, uma maneira correta de demonstrar seu amor.

    Se a submissa tem expectativas e as quer realizadas, ela certamente vai lutar. Nada é garantido, mas provavelmente ela vai agir em conformidade com sua ambição de tornar-se preciosa.

    Se você, como Dono, oferta a submissão como canal para que essa expectativa se manifeste, por certo terá diante de si uma mulher que não entenderá sua própria submissão como algo acessório a seu amor, mas como núcleo central dessa vivência. Mais que uma entrega sexual, uma entrega apaixonada e linda será construída.

    A submissão não significa garantia de ser amada automaticamente. Não existem apenas relações sm com amor. Aliás, são raras.

    Mas a não-submissão certamente significa não ser amada por certo numa relação sm, não é verdade? Ou me falha imaginar um Dono que possa ser tocado através do desleixo e da indisciplina.

    O único passaporte seguro para o amor do Dono é a submissão, realmente. Não se entregar significará não receber, por certo, aprovação afetiva do Dono.

    Isto não significa que toda entrega é paga com amor. Não há garantias. Mas que o caminho da submissa para ser amada é dobrar seus joelhos, tenho pouca dúvida.

    Ela não se entrega "para" ser amada. Mas ela deseja ser amada a partir do reconhecimento de sua entrega. E isso é legítimo. Toda boa submissa ambiciona ser importante para o conforto de seu Senhor.

    Bichinhos de estimação buscam fundamentalmente o afago de reconhecimento de seu Dono.

    Ela continuará se entregando sem ser amada, por certo. Mas para ser amada, para atingir o coração e a afetividade do Dono, ela sabe que precisa servir com o coração comprometido. Trabalhar com isso na Dominação é poderoso.

    Faz com que uma submissa saiba que errou gravemente e internalize grande culpa ao colocar-se publicamente presumindo o amor de seu Dono diante de terceiros sem ter tido autorização para tanto, por exemplo. Basta que ela receba a informação e já estará se punindo onde quer que esteja.

    Acho que realmente não fui claro antes. Espero ter explicado um pouco melhor agora.

    ResponderExcluir
  4. Marte,

    " Mas ela deseja ser amada a partir do reconhecimento de sua entrega."
    Lendo o teu blog creio que pude compreender mais de minha natureza! Me entrego porque é uma pulsão de minha alma me entregar, contudo tão maior e mais duradoura será a entrega se ela encontrar a reciprocidade para o seu amor devoto e o cuidado, proteção e reconhecimento para sua atenção e devotamento.

    obrigada pelas palavras inspiradoras,

    hetaira, filha de Afrodite

    ResponderExcluir